sexta-feira, 29 de junho de 2012

Romero Britto: a arte que cura o espírito


A primeira vez que vi um quadro de Romero Britto, tive uma sensação estranha. Era como se meu espírito adoentado finalmente conseguisse caminhar com suas próprias pernas e tivesse vontade própria. Este foi o primeiro quadro que vi dele. E é justamente o único que não tenho em meu apartamento.
Felizmente minha esposa compartilha do mesmo gosto e não se opos a enchemos nossas paredes de quadros deste artista tão maravilhoso e sedutor.


O gatinho está no meu quarto. É um dos meus favoritos!


Temos este quadro, em tamanho GRANDE, na parede da sala, em cima do sofá. É o amor em forma de pintura, hehe.

Sinopse e data de lançamento de The Casual Vacancy, novo livro de J.K. Rowling!


Em fevereiro, o JNN trouxe a notícia do anúncio do novo livro de J.K. Rowling. A renomada autora da série Harry Potter finalmente revelou a sinopse, título e data de lançamento de seu próximo livro, voltado ao público adulto.
The Casual Vacancy (A Vaga Casual, em tradução livre), de acordo com sua sinopse, é algo bem mais focado na política de pessoas comuns e no relacionamento de ódio e inveja de uma cidade pequena.
Confira só a sinopse (tradução do Pink Vader):
Quando Barry Fairweather morre inesperadamente ao seus quarenta anos, a pequena cidade de Pagford fica em choque.
Pagford é, aparentemente, uma idílica cidade inglesa com uma praça de mercado de paralelepípedos e uma antiga abadia, mas o que está por trás da fachada bonita é uma cidade em guerra.
Ricos em guerra com os pobres, adolescentes em guerra com seus pais, esposas em guerra com seus maridos, professores em guerra com seus pupilos… Pagford não é o que parece ser.
E o assento vazio deixado por Barry no conselho municipal logo se torna o catalisador para a maior guerra que a cidade já viu. Quem triunfará em uma eleição repleta de duplicidade, paixão e revelações inesperadas?
Em 27 de setembro de 2012, o livro será lançado em versão física de capadura, eBook e audibook para download e em CD. Será que o Brasil vai ganhar o livro na mesma data de lançamento?

Texto retirado de http://jovemnerd.ig.com.br/#!/jovem-nerd-news/livros/sinopse-e-data-de-lancamento-de-the-casual-vacancy-novo-livro-de-j-k-rowling/

quarta-feira, 27 de junho de 2012

HOJE TEM ESPETÁCULO?


Hoje mesmo, uma amiga muito querida me perguntou como eu fazia para escrever meus textos. Disse que adorava lê-los e que quando o fazia, o filme com a história passava e sua cabeça. Pois bem, amiga, vasculhando meu baú de histórias, achei esta crônica escrita por minha mãe ELENIR ELARRAT, em 1978, sobre uma traquinagem cometida por ela em sua infância. Leia! É muito boa!
Quanto à paixão pela leitura e pela escrita, eu nada posso fazer. Está no meu sangue.


Contava na época com dez ou onze anos. A experiência para mim não era nova. Aos seis anos, havia dado certo e eu acreditava que desta vez também daria.
O circo chegou naquela manhã. Era um circo pobre, com poucos artistas sem muitos animais que chamassem a atenção do público pela raridade. A lona, toda remendada, reclamava uma substituição.
E o circo estava lá, imponente, majestoso, desafiando a minha capacidade infantil de ir assistir ao espetáculo.
Não havia dinheiro para a entrada, e os poucos trocados que tinham em casa estavam contados para a despesa da semana. Eu sabia que se pedisse, não me dariam, mas eu precisava ir.
Chegou o dia da estréia, um sábado. O espetáculo seria às 20 horas. A rua estava toda animada, as pessoas iam e vinham com sorrisos alegres e “caras de novidade”. As bandeirinhas tremulavam em volta do circo e todos estavam contentes, menos eu.
Havia em mim uma vontade tremenda de ver de perto aquelas atrações. Eu não podia passar por baixo da lona, pois a timidez e o medo me impediam. Então, de repente, surgiu a idéia, e não podia falhar...
Eu já havia ido à praia uma vez sem o consentimento de mamãe, aos seis anos de idade, quer dizer, sem o consentimento consciente de mamãe.
Minha mãe costumava falar quando dormia. Chegava até a responder perguntas. Logo, seria facílimo, assim como roubar um doce das mãos de uma criança.
Esperei ela ir fazer o nenê dormir, e ajudei a proporcionar um ambiente de silêncio, pois sabia que ela fatalmente adormeceria vencida pelo cansaço. E, de fato, ela adormeceu.
     Mãe? — era eu aproximando-me da cama.
     Hã?
     Deixa eu ir no circo?
     NÃO! — ela respondeu de modo pesado.
     Deixa mãe, tá tudo tão bonito, tá lindo!
     Ah, tá bom, não amola, vai logo.
     E o dinheiro, mãe? Cadê o dinheiro?
     Tá na bolsa.
     Quanto eu tiro?
     Dez.
Meu coração disparou, e eu disparei rumo à bolsa. Peguei o dinheiro e corri para o circo. Ao chegar na porta de casa, encontrei meus irmãos.
     Onde tu vai, Leni?
     No circo.
     Eu vou contar pra mamãe.
     Conta, ela deixou. — respondi, já bem longe.
A noite foi linda, maravilhosa, ri muito. Em cada cena era uma novidade. O palhaço era a coisa mais linda e mais divertida do mundo. Quando a gente é feliz, o tempo passa rápido, e eu estava muito feliz.
Durante os intervalos, o troco que havia sobrado eu “estourei” em pipoca, picolé e no que aparecesse.
O espetáculo terminou e eu tive que voltar. Ih... Lembrei da trama. Iria apanhar com certeza. O dinheiro gasto no circo, por certo faria falta (e fez mesmo).
Mamãe acordou, notou minha ausência e os meus irmãos (cheios de inveja) disseram onde eu tinha ido. Depois, eu soube que ela tinha ido até lá, atrás de mim, mas, como não pôde entrar, resolveu que me esperaria em casa.
Quando cheguei em casa, encontrei minha mãe com “cara de tempestade”, e não demorou muito para ela se pendurar em minha orelha e exigir explicações sobre aonde eu tinha ido e sobre o dinheiro. As explicações eu dei, mas o dinheiro... Já era!
Naquela noite, eu dormi chorando e com o corpo todo doído, mas estava muito, muito feliz.

(ELARRAT, Elenir Alvarez. Hoje tem espetáculo? - Seminário Teológico Batista Equatorial, 1978).

CONTOS DE MEIGAN - Cuidado! Vicia...




A resenha abaixo foi retirara do site http://www.rpgpara.com/p8309/ mas eu prometo as autoras escrever minha própria resenha assim que terminar a leitura (que por sinal está maravilhosa!)

Em Janeiro deste ano foi lançado o livro “ Contos de Meigan – A Fúria dos Cártagos “, das autoras paraenses Roberta Spindler e Oriana Comesanha. Por fora, um livro bonito, capa bem ilustrada, robusto, mais de 600 páginas; por dentro, as histórias do fantástico mundo de Meigan, um mundo diferente do nosso, morada de seres especiais e poderosos que se denominam magis. Na aparência são exatamente como nós, mas as diferenças não podem ser ignoradas por muito tempo. Os magis tem uma relação especial com a natureza e seus elementos, moldando-os a sua vontade e apoderando-se de sua força. Esses elementos, chamados mantares, não se limitam apenas aos conhecidos fogo, terra, ar e água. Existem muitos outros, como as sombras, o tempo e até mesmo o controle sobre o próprio corpo. Ter a capacidade de decifrar, entender e interagir com a natureza é um dos principais requisitos para a evolução de um magi.
O livro começa com Maya Muskaf preparando-se para voltar para casa. Depois de três anos vivendo na Terra, o momento de retornar a Meigan finalmente havia chegado. Ela estava preocupada, pois alguma coisa afetava seu controle sobre os mantares, talvez algum resquício da misteriosa doença que a debilitou durante a infância. Com medo de estar novamente doente e para conseguir respostas, decidiu colocar de lado suas diferenças com sua mãe, a principal governante do mundo magi. Voltaria a Katur, capital de Meigan, e pediria perdão por todas as brigas passadas.
Assim, deixou sua vida terrena de lado e entrou na primeira caravana que encontrou. Entretanto, seus planos acabaram tomando um rumo muito diferente daquele que imaginara. Os soldados que escoltavam a caravana acabaram achando destroços e um corpo no chão. Logo que avistou o homem morto, com os cabelos tão brancos quanto sua pele e os olhos inteiramente negros, Maya soube que se tratava de um dos cártagos – antigos magis que traíram seu povo e por isso foram banidos para uma dimensão paralela.
As implicações para tal presença em território magi eram gravíssimas e não demorou muito para que Maya e seus companheiros descobrissem que os magis traidores estavam tomando o Solo Sagrado e derrubado seus portões de defesa. Agora, em meio ao caos de uma violenta batalha, Maya vai precisar lutar para sobreviver e conseguir respostas para as perguntas que lhe afligiam. Como os cártagos conseguiram acesso ao Solo Sagrado? Onde estavam os guardiões dos portões, os mais poderosos guerreiros de Meigan? E, a mais importante de todas, conseguiria chegar a Katur a tempo de encontrar sua mãe?”

terça-feira, 26 de junho de 2012

domingo, 24 de junho de 2012

Pó pó pó pó...

A família toda junta no show da GALINHA PINTADINHA no Hangar, em Belém. Um lindo evento organizado para crianças. O show foi muito bom! Quem tem filhos pequenos com certeza se emocionou ao ouvir aquele coro de vozes infantis cantando as musiquinhas e dançando durante a uma hora e meia de espetáculo. Muito bom mesmo!

A volta de MAEVE BINCHY ao mercado editorial brasileiro


Fiquei muito feliz em saber que os livros de MAEVE BINCHY estão de volta ao Brasil através da BERTRAND. Ela é uma de minhas autoras favoritas e eu já fiz uma enorme postagem aqui no blogger comentando sobre o livro CIRCLE OF FRIENDS (no português: ENTRE O AMOR E A AMIZADE), que é o meu mais do que preferido livro de todas as horas. A capa ficou linda demais e a história me parece ser tão boa quanto O LAGO DE VIDRO, TARA ROAD...

Existem pessoas distraídas (Duvida???)


Homenagem ao meu amigo Russel Jati, que foi trabalhar de carro e voltou para casa de ônibus, hehe.

Desabafo (sem nomes!!!)


Parei de acreditar em amizade verdadeira. Eu sempre vou ter amigos, mas acho que nunca mais vou usar a expressão MELHOR AMIGO para me dirigir a alguém. Cheguei a triste conclusão de que isso é pura utopia. Ninguém confia em ninguém 100% para ser considerado melhor amigo. Ninguém tem ninguém como seu irmão, se não tiver um interesse (ainda que pequeno) por trás da cortina. A amizade de verdade, do jeito é que nos é pintada, é a maior das mentiras. Qualquer pessoa pode chegar e destruir uma amizade. Elas são frágeis como papel. E ainda saem por aí falando mal de você, inventando mentiras e inverdades. Fiquei triste, depois tive ódio, raiva e no final acabei orando por todos. Demorou, mas minha ficha caiu. Demorou, mas minha vida seguiu.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Uma prévia de SEGREDO DE SANGUE


"Três pessoas podem manter um segredo, se duas delas estiverem mortas."
Benjamin Franklin


Ler revistas de trás para frente era a minha mania menos estranha. Eu também comia jujubas (e qualquer outro tipo de guloseimas) em números pares. Isso sim era entranho, já que eu vinha de uma família ímpar. Bem, pelo menos no início era assim.

         Meus pais nunca se casaram. Mesmo assim, viveram sob o mesmo teto durante quase vinte anos, até que a morte dele, vítima de um aneurisma, no dia do meu aniversário de dezenove anos. Desde esse dia, eu nunca mais consegui comemorar.

         Um ano depois, minha mãe deixava de assinar o sobrenome Amaral para assumir o nome de família de seu novo marido (com esse ela casou!). Foi nesse exato momento que nossa relação sofreu o primeiro grande abalo.

         — Isabela, você está agindo como se tivesse cinco anos de idade! — berrava minha mãe, do lado de fora do meu quarto, enquanto esmurrava a porta.

         Eu nunca fui do tipo de gente que resolvia as coisas no grito. Ao invés disso, engolia calada, bufando de raiva, desejando ardentemente saber fabricar qualquer tipo de bomba caseira que fosse capaz de mandar meu quarto pelos ares (Comigo dentro. Por que não?).

         Arrumei minhas coisas em tempo recorde. Roupas, sapatos, livros, fotos, nada iria ficar para testemunhar a total falta de respeito de minha mãe à memória de meu pai.

         Enchi duas malas, uma mochila e mais um saco enorme de lixo, que certamente rasgaria na metade do caminho, deixando-me na mão.

         — Aonde você pensa que vai? — perguntou minha mãe, ao ver minha cena no alto da escada.

         — Estou indo acampar no quintal. Aonde a senhora  acha que vou?

         — Isabella, se você sair por essa porta...

         —... Não volto nunca mais! Já sei! Ouvi aquele nazista do seu marido lhe aconselhando a me dizer isso hoje mais cedo.

         — Respeite o Lúcio!

         — Ao diabo com o Lúcio, mãe! Fique com ele e esqueça que eu existo. — E saí, batendo a porta com o máximo de força que minhas mãos trêmulas me permitiam.

         O famigerado Lúcio vivia dizendo que eu deveria trabalhar em novelas mexicanas. Hoje, vejo que ele talvez tivesse razão: eu era bem teatral. Mesmo assim, quando saí de casa naquela noite fria de dezembro do ano de 2005, eu não tinha a menor ideia de para onde poderia ir.

Mafalda

domingo, 17 de junho de 2012

Esta é uma lição que eu preciso aprender. Até as amizades mais sinceras e verdadeiras (entre amigos, entre irmãos) um dia podem acabar. E devemos aceitar isso com maturidade e seguir em frente.
Eu já gosto dessa revista, mas a edição desse mês parece ter sido feita em minha homenagem.
Passei muitas tardes e noites em companhia destes livros. Já até comprei o primeiro para a minha filha. Às vezes sinto falta daquela emoção que dava sempre que sabíamos que um livro novo estava para sair. E as novidades, o frio na barriga, a emoção de um filme novo no fim de cada ano, hehe.
Foi muito bom curtir a juventude ao lado da série Harry Potter. Nunca tive vergonha de admitir: EU ERA UM VICIADO EM HARRY POTTER!
Este rapaz foi aluno meu e de minha esposa no primeiro e segundo ano do Ensino Médio. Confesso que, na época, eu o achava um malinha sem alça, sempre com suas perguntas e seu aparelho ortodôntico que saía e voltava para a boca de vez em quando (ele vai me matar quando ler isso, hehe). Mas nós acabamos nos tornando amigos. Aliás, bons amigos. Anos depois, nos reencontramos no supermercado. Ele, de barba na cara, já é um cirurgião dentista, e está com uma vida ótima graças a sua dedicação aos estudos.
Parabéns JOTA! Você merece, meu amigo!

PAI EM TEMPO INTEGRAL!!!


Dia 24, eu vou levar minha bebê ao show da Galinha Pintadinha no Hangar. E não duvidem que vá me divertir também. Quem tem filho pequeno, vira criança outra vez!

MEUS LIVROS PUBLICADOS


Helena Moraes vive no seio de uma família bastante problemática. Seu pai é alcóolatra, sua mãe passiva demais e seu irmão imaturo além da conta. Talvez justamente por isso o reencontro com Luís Filipe, seu inimigo de infância, caia do céu em sua vida.
Juntamente de Beatriz, sua melhor amiga, Helena vive as maiores aventuras do fim da adolescência na cidade provinciana de Leonel Marins. E seu final feliz poderia ter sido imediato, não fosse um pequeno acidente que muda o curso de sua vida para sempre.
Ao lado de Beatriz, Helena vai morar na Irlanda, onde faz novos amigos e tenta, mesmo com a distância, manter a relação com Luís, abalada demais após sua viagem. E então, o destino coloca em seu destino um novo amor.
Dez anos se passam até que a jovem decida finalmente voltar para o Brasil na tentativa de consertar seus erros e rever seus pais e seu irmão. Mas será que ainda há tempo para pedir perdão a todos? E quanto a Luís? Será que o amor dos dois jovens fora capaz de resistir a tantos anos de ausência?
Você descobrirá lendo o apaixonante, engraçado e belo romance de estreia de Rafael Elarrat.


A hilária Beatriz Hogan está de volta. Mas ela agora assina o sobre de sua mãe: Alcobaça. É assim que o editor-chefe do jornal A FOLHA DE NOTÍCIAS, onde ela trabalha como jornalista a chama.
Beatriz agora passa os dias entrevistando políticos e celebridades sobre os temas mais comuns do cotidiano da cidade de Leonel Marins. Junto de sua parceira Jaque, ela vive as situações mais inusitadas para conseguir o que quer: respeito e prestígio na profissão que escolheu.
Mas e quanto ao seu marido Noah? Para correr atrás do que sempre quis, Beatriz deixou o marido em Dublin e veio sozinha para o Brasil, onde um ano já se passou.
Às voltas com o sonho de ser mãe e a doença que a impede de realizá-lo, Beatriz descobrirá que enganou a si mesma indo embora da Irlanda. Mas isso, você descobrirá lendo o hilário e romântico UMA VIDA DE PESO. O segundo livro de Rafael Elarrat.

OS DOIS LIVROS ENCONTRAM-SE À VENDA SOMENTE PELO SITE www.clubedeautores.com.br (por enquanto!). O site é 100% seguro e parcela suas compras em até 10X em todos os cartões de crédito ou no boleto bancário. O livro chega em sua casa (há várias modalidades de fretes), seguro e bem embalado.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O ÔNIBUS, OS TABLETS E A MERENDA (E O BÊBADO!)



            Eu não tomei parte na história que será contada nas próximas linhas. Ela me foi narrada por minha esposa e por uma amiga, que eram as responsáveis em conduzir as turmas do 7º ano da escola em que trabalhávamos ao Planetário, para uma visita monitorada. Foi numa tarde calorenta, nos últimos dias do mês de maio. Os alunos estavam bem entusiasmados com a possibilidade de deixarem o ambiente escolar em busca de aventuras pela cidade.
            O ônibus chegou. Não era um ônibus novo, muito menos bonito. Também não tinha nenhuma regalia como ar condicionado, televisão ou frigobar. Mas era um ônibus em bom estado para levar os alunos de uma escola pública até o outro lado da cidade.
            A viagem foi bem cansativa. O calor era o senhor absoluto daquele momento. Mesmo assim, os alunos cantarolavam, alegres, à medida que a paisagem ia mudando. No Planetário, o clima de empolgação encontrou seu auge. Ouviam-se gritos e palmas enquanto todos caminhavam para a entrada. Na verdade, ninguém chegou a entrar. Algo, no caminho, chamou-lhes a atenção.
            Era um ônibus. Grande, alto e imponente. Um daqueles ônibus de dois andares, com sala de jogos embaixo. Com certeza tinha ar-condicionado, televisão e tudo mais que o ônibus da escola pública não tinha. “Devem ser pessoas importantes”, disse uma das professoras. “Talvez sejam empresários”, comentou a outra.
            O gigantesco ônibus finalmente estacionou. Todos ali observavam a cena com curiosidade. Quem seriam seus ocupantes? A mochila de uma aluna caiu no chão assim que a porta do ônibus foi aberta (e o queixo de todos os presentes também). Crianças bem vestidas, penteadas e cada um trazendo consigo um tablet (último modelo, na cor branca) desciam do veículo a passos lentos, todas muito sorridentes.
            O ônibus havia sido alugado para uma escola particular, bastante tradicional da cidade. E era para transportar crianças do 6º ano do Ensino Fundamental.
            Enquanto os tablets desfilavam pelo salão com suas crianças, os alunos da escola pública foram ficando para trás, ainda boquiabertos com tudo aquilo. A discriminação era tanta, que os próprios alunos da escola particular trocavam olhares desconfiados com os da escola pública. Apertavam seus tablets contra o peito sempre que um aluno de outra escola se aproximava.
            Na hora do lanche, enquanto as crianças da escola particular comiam salgados cuidadosamente fritos e embalados em caixinhas personalizadas (tudo regado a latinhas de Coca-cola!), os alunos da escola pública saboreavam pipocas Pantera, mas o faziam com gosto, nem ligando para as diferenças.
            “Acho que eles levaram numa boa, né?”, comentou uma professora.
            “Eles levaram. Eu não”, disse a outra professora. Dez minutos depois, lá estava ela de volta, com um ar mais tranquilo e sereno no rosto. “Pedi para não misturarem mais escolas públicas com particulares. Isso causou um grande constrangimento nas crianças”.
            Na volta para casa, quando o ônibus passava pela feira do Ver-O-Peso, outro ônibus parava ao lado do coletivo em que as crianças da escola pública estavam, durante um enorme congestionamento.
            “Professora, professora!” Gritou um menino. “Olha só o que aquele velho tá fazendo!”
            As duas professoras, já de pé, assistiram ao show de imoralidade que um velho, visivelmente bêbado, dava no ônibus ao lado.
            “Ele tá mostrando cotoco, nós vamos mostrar também!”.
            “Não, meninos. É melhor deixar isso pra lá”.
            Mas não teve jeito. O ônibus escolar em peso, exceto o motorista e as professoras, devolvia a gentileza ao velho, pagando-lhe na mesma moeda.
            Aos risos, as professoras voltaram a sentar e concluíram: era bom demais ser criança.

domingo, 3 de junho de 2012