quinta-feira, 17 de abril de 2014

Um livro RUIM


Resenha do livro QUANDO TUDO VOLTA, de JOHN COREY WHALEY. Editora Novo Conceito.

Uma morte por overdose. Um fanático estudioso da Bíblia. Um pássaro lendário. Pesadelos com zumbis. Coisas tão diferentes podem habitar a vida de uma única pessoa? Cullen Witter leva uma vida sem graça. Trabalha em uma lanchonete, tenta compreender as garotas e não é lá muito sociável. Seu irmão, Gabriel, de 15 anos, costuma ser o centro das atenções por onde passa. Mas Cullen não tem ciúmes dele. Na verdade, ele é o seu maior admirador. O desaparecimento (ou fuga?) de Gabriel fica em segundo plano diante da nova mania da cidade: o pica-pau Lázaro, que todos pensavam estar extinto e que resolveu, aparentemente, ressuscitar por aquelas bandas. Em meio a uma cidade eufórica por causa de um pássaro que talvez nem exista de verdade, Cullen sofre com a falta do irmão e deseja, mais que tudo, que os seus sonhos se tornem realidade. E bem rápido.



Nunca julgue um livro pela capa”. Acho que eu tinha uns treze, catorze anos quando ouvi um amigo de meu pai, que era meu professor na escola, dizer essa frase pela primeira vez. Bem, este foi o primeiro desafio que precisei enfrentar ao encontrar-me com a edição brasileira do livro de John Corey Whaley, cujo título em português não é tão sugestivo quanto às palavras que o margeiam, ainda na capa:

Porque eu estou acordado em um mundo de pessoas que dormem.

Nada sugestiva, a capa do livro traz a silhueta de um pássaro, sob um fundo azul celeste. Longe de qualquer coisa atrativa à mente dos leitores, a história de Culler Witter, que é intercalada com a missão de Bento Sage, um missionário (Não me perguntem o motivo. Terminei a leitura e não descobri), se desenrola de maneira irritantemente vagarosa, quase deprimente.

Eu tinha dezessete anos quando vi o primeiro cadáver. Não era de meu primo Oslo. Era de uma mulher que aparentava ter cinquenta anos ou, pelo menos, quase isso. Não dava para ver furos de bala nem arranhões, cortes ou hematomas, então acreditei que ela tivesse acabado de morrer de alguma doença ou algo assim (p. 9)

A trama se passa na cidade de Lily, no Arkansas, um lugar maçante e tedioso, onde nada parece acontecer. Isso até o irmão mais novo de Culler, Gabriel, sumir misteriosamente, sem deixar vestígios. Numa cidade pequena, um fato não tão comum como o reaparecimento de uma espécie rara de pica-pau, dada como extinta, mobiliza todos de tal forma, que ninguém parece ligar para o desaparecimento do irmão de Culler, fato que deixa a família ainda mais desesperada.

Como a recusa de meu pai em voltar ao trabalho praticamente esgotou nossos fundos, minha família decidiu aceitar doações mediadas pelo banco local, organizadas pela Primeira Igreja Metodista Unida de Lily, que frequentávamos duas vezes por ano (p. 101)

Entre outras coisas, li algumas resenhas que sugeriam que o livro talvez fosse semelhante ao clássico A culpa é das estrelas. Bem, se John Green já tivesse morrido, voltaria à vida só para defender seu livro de uma heresia como essa.
Entretanto, nem tudo provêm da negatividade. Gostei, e muito, dos títulos que o autor deu aos capítulos do livro. Todos, sem exceção, são curiosos, literários, quase estimulantes.
Então, querido leitor, se depois de ler esta resenha, você ainda ficar empolgado com uma possível leitura desta obra, é só dar uma conferida nos agradecimentos do livro, onde o próprio autor assume um “solitário com uma queda por escrever histórias semidepressivas”.
Opinião final: decepção. O livro é confuso, sem maiores motivações para o leitor.